O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a entrada de novos países no Brics — que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul —, nesta terça-feira (22), em Joanesburgo, na África do Sul. No Fórum Empresarial do Brics, Lula destacou o potencial do bloco para o desenvolvimento econômico global e a importância da atuação conjunta entre os setores público e privado. O fórum é uma das agendas do setor privado que acontece antes da cúpula geral do Brics, que vai até o dia 24 de agosto.
“O dinamismo da economia está no sul global e o Brics é sua força motriz. O Brics tem uma chance única de moldar a trajetória do desenvolvimento global. Vocês, empresários, fazem parte desse esforço. Nossos países reunidos representam um terço da economia mundial. Essa relevância vai crescer com a entrada de novos membros plenos e parceiros no diálogo. A colaboração entre os setores público e privado é vital para aproveitar esse potencial de alcançar resultados duradouros.”, afirmou o presidente brasileiro.
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Lula lembrou ainda que, em dezembro, o Brasil assumirá a presidência do G20 — grupo que reúne as principais economias do mundo — e que isso pode ser uma oportunidade para o avanço em temas de interesse do sul global. O chefe do Executivo ressaltou ainda a importância do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o chamado banco do Brics, comandado atualmente pela ex-presidente Dilma Rousseff, para a colaboração entre as economias emergentes.
“Nosso banco conjunto deve ser um líder global do financiamento de projetos que abordam os desafios mais urgentes do nosso tempo. Ao diversificar fontes de pagamento e moedas locais, expandir sua rede de parceiros e ampliar seus membros, o NDB constitui uma plataforma estratégica para promover a cooperação entre os países em desenvolvimento”, pontuou.
Segundo o governo federal, em 2022 o volume de transações entre o Brasil e os parceiros do Brics chegou a US$ 177,7 bilhões, sendo US$ 99,4 bilhões em exportações brasileiras para China, Índia, Rússia e África do Sul e US$ 78 bilhões em importações de produtos vindos desses países. De janeiro a julho de 2023, o volume já atingiu US$ 102,3 bilhões (US$ 63,2 bilhões em exportações e US$ 39 bi em importações).
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Cebrics
Esta é a segunda vez que a África do Sul é sede da Cúpula do Brics. A primeira foi há 10 anos, em Durban, quando foi criado o Conselho Empresarial do Brics (Cebrics). O conselho tem como objetivo assegurar que as principais prioridades do setor privado sejam efetivamente comunicadas aos líderes dos governos do Brics durante a cúpula.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) é a secretária-executiva do mecanismo no Brasil. De acordo como o presidente-eleito da entidade, Ricardo Alban, as discussões giram em torno de uma convergência para ações e políticas públicas. Ele acredita que existe uma janela de oportunidades para a indústria brasileira e para o Brasil no mundo.
“Se neste momento estamos todos tão conscientes da necessidade da neoindústria, temos a responsabilidade e a obrigação de aproveitar essas oportunidades, traçar políticas públicas convergentes, priorizar para que tenhamos focos e garantir as verdadeiras entregas. E dentro dessas entregas, o Brasil tem a oportunidade de voltar para o mercado internacional com indústria de manufaturas, com produtos verdes, descarbonizados, já que nós vamos ser um grande produtor de energia verde e sustentável”, afirma o presidente-eleito da CNI.
Para Alban, a adoção de uma moeda única no Brics ainda é algo “questionável”, mas acredita que, durante as conversas entre os governantes dos cinco países, seja possível a construção de um meio de pagamento único. Ele defendeu que qualquer decisão seja tomada com cautela para que não haja equívocos de ordem monetária ou financeira.
A estrutura do Cebrics é formada por nove grupos de trabalho que contam com mais de 90 representantes brasileiros, que têm como objetivo a formulação de recomendações por temas.