O Brasil ingressou no final de fevereiro como membro premium na aliança RISC-V Internacional. A entidade congrega 70 países em uma comunidade colaborativa que promove o RISC-V, um padrão de código aberto para o desenvolvimento de semicondutores, em contraste às soluções proprietárias. Como membro da diretoria da entidade, o país terá influência no desenvolvimento da tecnologia, o que garante vantagens para o ecossistema de empresas e pesquisadores nacionais.
Segundo o coordenador-geral de Tecnologias em Semicondutores do MCTI, Alessandro Campos, o processo de entrada do país na entidade foi iniciado nessa gestão e vai ajudar na definição de políticas na área de C&T.
“Devido a visão de migração de países como China e Índia e empresas big tech para o padrão aberto, vimos a oportunidade e necessidade de adesão à Aliança. Agora o Brasil terá participação direta no desenvolvimento e na direção do RISC-V, o que lhe garante uma vantagem estratégica sobre a definição de potenciais áreas de investimento em pesquisa e inovação”, afirma.
Ainda segundo ele, o aceite do país complementa iniciativas do MCTI como a reativação da Ceitec, fábrica nacional de semicondutores, e as ferramentas de incentivo a Pesquisa e Desenvolvimento, como a Lei de TICs, antiga Lei de Informática, e o Padis (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores e Displays).
Padrão
O RISC-V é uma arquitetura de processadores que se diferencia por sua licença de código aberto. Ao contrário das soluções proprietárias, o RISC-V é isento de royalties e permite que indivíduos, empresas ou governos projetem, fabriquem e comercializem chips ou soluções sem custos de licenciamento de propriedade intelectual.
Desenvolvido inicialmente na Universidade da Califórnia, Berkeley, o padrão agora é gerido pela RISC-V International, uma entidade sem fins lucrativos sediada na Suíça, responsável pela neutralidade do desenvolvimento do RISC-V.
Fundamentado no conceito de Conjunto Reduzido de Instruções (Reduced Instruction Set Computing), o padrão permite que pesquisadores, designers e empresas adaptem processadores às suas necessidades específicas, impulsionando inovações em campos como medicina, agricultura, energia, indústria automobilística, aeroespacial, defesa, computação de alta performance, dispositivos móveis, servidores, sistemas embarcados e Internet das Coisas (IoT).