A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, defendeu a cooperação no âmbito do G20 para reduzir a desigualdade técnico-científica entre os países. A ministra participou, nesta segunda-feira (11), da cerimônia de abertura do encontro do Science20 (S20), Grupo de Engajamento para a área de Ciência e Tecnologia do G20, no Rio de Janeiro.
A oitava edição do S20 é integrada à reunião do G20, presidido pelo Brasil neste ano. O evento é organizado pela Academia Brasileira de Ciências (ABC), com apoio da Finep e do MCTI. Constituído pelas Academias de Ciências dos países do G20, organizações nacionais e internacionais, o S20 tem por objetivo promover o diálogo entre a comunidade científica em temas críticos e prover recomendações, a partir de um documento de consenso, aos governos dos países do grupo.
“Nossa intenção é buscar pontes entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento de modo a reduzir desigualdades científicas, tecnológicas e de inovação e garantir o desenvolvimento econômico inclusivo, socialmente justo e ambientalmente responsável”, afirmou a ministra.
Luciana Santos apontou que, de acordo com relatório das Nações Unidas, os países da América Latina, Caribe e África são os menos preparados para usar, adotar ou adaptar tecnologias de ponta e sob risco de perder as atuais oportunidades tecnológicas. “O Brasil propõe colocar no centro de sua presidência no G20 as questões relacionadas às assimetrias globais de acesso, desenvolvimento e produção da ciência, tecnologia e inovação”, reforçou.
Luciana Santos lembrou que os temas a serem discutidos pelo Science 20 dialogam diretamente com as três instâncias em que o MCTI está envolvido no âmbito do G20: pesquisa e inovação, economia digital e bioeconomia. Como temas prioritários que serão tratados pelos grupos de trabalho, a ministra destacou a descarbonização da economia, pesquisa e inovação aberta para uma Amazônia Sustentável e inteligência artificial.
Transformação global
O tema do Science 20 neste ano é “Ciência para a Transformação Global” e deverá abranger cinco eixos temáticos: bioeconomia, desafios da saúde, inteligência artificial, justiça social e processo de transição energética. Os membros do S20 vão discutir esses tópicos e formular documentos com recomendações específicas e ações implementáveis para os países do G20. Ao longo do ano, a oitava edição do S20 contará com discussões intermediárias virtuais e uma reunião de encerramento, prevista para os dias 1 e 2 de julho.
Na cerimônia de abertura do encontro, a presidente da Academia Brasileira de Ciências, Helena Nader, disse que o tema e os eixos de discussão reforçam o compromisso do Brasil na promoção de ações de desenvolvimento econômico e social para a construção de um planeta sustentável. “Inteligência artificial, inovações e trabalhos científicos, entre outros, são temas fundamentais para que os países tomem decisões que garantam o bem-estar dos seus cidadãos e contribuam para o desenvolvimento global sustentado”, sustentou.
Helena Nader lembrou os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (2030) aprovados pelos países integrantes das Nações Unidas para redução da pobreza e proteção ao meio ambiente. “Nossas ações são integradas e indivisíveis e devem equilibrar as três dimensões do desenvolvimento sustentável, a econômica, social e ambiental”, afirmou.
G20
Fundado em 1999, o G20 é um grupo composto pelas 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia e a União Africana (admitida em 2023). Desde 2008, quando os Chefes de Estado e Governo passaram a se envolver diretamente nas discussões (antes participavam apenas os ministros de finanças e presidentes de bancos centrais dessas nações), a agenda do G20 tem se expandido para além da esfera econômico-financeira. Neste sentido, em 2017, o Science20 (S20) foi criado para atuar como o grupo de engajamento do G20 para a área de ciência e tecnologia.