*Por Rafael Kenji Hamada, CEO da FHE Ventures
As previsões de Amy Webb na 17ª Tech Trends Report destacam um futuro tecnológico dominado por avanços significativos em inteligência artificial, ecossistemas conectados e biotecnologia. Para a futurista e CEO do Future Today, esses três pilares definem o “superciclo tecnológico”, um período de expansão sem precedentes com impactos profundos em vários setores, incluindo a saúde. Alguns estudiosos dizem que o mundo já está vivenciando a Quarta Revolução Industrial, ou Indústria 4.0, com introdução da tecnologia, análise de dados e automação de processos como parte do cotidiano das sociedades. Tecnologias como Machine Learning, IA e Big Data aceleram o processo e ampliam seu alcance, de forma global.
O cenário complexo e dinâmico apresentado por Amy sugere que a sociedade está à beira de uma transformação significativa na forma como vivem, trabalham e cuidam da própria saúde, exigindo reflexão profunda e ação estratégica de todos os envolvidos.
A biotecnologia, por exemplo, é um ponto crítico de atenção para o setor. A exploração da Organoid Intelligence (OI) e da tecnologia de interface cérebro-máquina sugerem um futuro em que as fronteiras entre biologia e novos recursos se tornam cada vez mais tênues. Esta tecnologia faz parte de um grupo também chamado de deeptechs, com o uso de alta tecnologia para resolução de problemas de alto impacto. Esses avanços prometem revolucionar diagnósticos, tratamentos e a compreensão do cérebro humano, além de trazerem métodos para a criação de medicamentos e terapias personalizadas. No entanto, também levantam questões éticas, de privacidade e segurança.
Para lidar com o novo superciclo, o setor de saúde deve adotar uma abordagem proativa, focada em inovação e adaptação às novas tecnologias, enquanto avalia cuidadosamente seus riscos e oportunidades. Investir em pesquisa e desenvolvimento, formar parcerias estratégicas com startups de tecnologia e atualizar constantemente as práticas de segurança da informação são passos essenciais. Também é crucial considerar as implicações éticas em cena, envolvendo comunidades, pacientes e reguladores nas discussões para garantir que os avanços beneficiem a todos de maneira justa e segura. Esta percepção da saúde envolvendo todos os protagonistas do cuidado do paciente, também é chamada de Value Based Healthcare, ou VBHC, que no Brasil significa Saúde Baseada em Valor.
As startups de saúde no Brasil
A posição das healthtechs brasileiras em relação a esse superciclo tecnológico varia. Algumas startups já exploram a inteligência artificial, a biotecnologia e os ecossistemas conectados para oferecerem soluções inovadoras no setor. Porém, há vários desafios, entre eles o acesso a financiamentos, regulações e a necessidade de maior colaboração com o setor público de saúde. Para se manterem competitivas a nível global, as healthtechs devem acelerar a adoção e o desenvolvimento dessas tecnologias emergentes, e se aprofundarem em questões regulatórias e éticas.
A colaboração entre diversas áreas, a formação de um quadro regulatório claro e adaptável e a educação contínua dos profissionais de saúde também são fundamentais. Além disso, é necessária uma atenção especial à inclusão digital e à redução das disparidades no acesso aos avanços, assegurando que os benefícios sejam compartilhados de forma ampla pela sociedade. Afinal, o Brasil é um país de tamanho continental, com diferentes realidades, regionalismos e diferenças sociais, econômicas e culturais.
Por fim, a vigilância contínua contra o uso indevido de dados e a garantia de que as inovações tecnológicas respeitem os direitos dos pacientes são indispensáveis para construir um futuro em que a tecnologia vá ao encontro de pacientes, profissionais da saúde e empresas.
*Rafael Kenji Hamada é CEO da FHE Ventures, uma venture builder focada em desenvolver startups focas ou voltadas a tecnologias de saúde e educação – fheventures@nbpress.com.br.
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DEBORAH EVELYN SOSA FECINI
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