Por Caio Bretones*
Recentemente, o Banco Central publicou uma série de instruções normativas com atualizações nas regras do Open Finance no Brasil. Dentre elas, está a de que, a partir de janeiro de 2025, companhias com mais de 5 milhões de clientes serão obrigadas a adotar o Open Finance nas etapas de compartilhamento de dados. Segundo a instituição, a ampliação do escopo se dá frente ao aumento de funções disponíveis aos usuários no sistema financeiro aberto de portabilidade de crédito a partir do ano que vem.
Especificamente, a nova regra impacta o compartilhamento de dados referentes às fases 1, 2 e 4. Isto é, fica de fora, por ora, a fase 3, a de transação de pagamentos. Atualmente, apenas é obrigatória a participação de instituições S1 e S2, isto é, bancos e instituições de porte entre 1% e 10% do PIB. No entanto, algumas empresas com mais de cinco milhões de clientes, que não são S1 nem S2, já participavam das fases de compartilhamento de forma voluntária.
Com a inserção dos novos agentes, a base de participantes do Open Finance passará de 75% para 95%, segundo o BaCen. Esse número traz mais diversidade ao ecossistema financeiro, pois, pela primeira vez, engloba segmentos financeiros de varejistas – por definição, essas instituições não entrariam no sistema financeiro aberto por não serem bancos, mas como estão, constantemente, ganhando importância, o Banco Central passou a considerar.
Com mais empresas, quem ganha é o cliente – o centro do Open Finance. A partir do ano que vem, mais usuários terão acesso a mais benefícios financeiros, como menores taxas de crédito.
O que muda para essas companhias entrantes?
O sistema financeiro aberto viabiliza a otimização dos processos financeiros e da gestão de negócios. Assim, as empresas entrantes se deparam com alguns benefícios, como mais possibilidades de acesso a serviços financeiros com taxas mais competitivas; aperfeiçoamento da gestão financeira, já que é possível fazer movimentações como transferências, pagamentos e consulta de extratos em um único lugar; e mais agilidade e segurança na validação dos dados dos clientes.
Mas, além das vantagens, gostaria de destacar as “obrigações” das novatas. É importante que as instituições entendam as dores de seus clientes e, a partir disso, definam soluções. O Open Finance tem a vantagem de permitir que se trace estratégias e se crie produtos e serviços moldados para diversos tipos de cliente. Claro, tamanha inovação também exige uma adequação de custos e investimentos, principalmente para armazenamento e análise de dados.
Já comentei em outra oportunidade sobre o que ainda falta para o Open Finance finalmente decolar, e pontuei que, além de proporcionar aos usuários experiências financeiras mais eficientes e personalizadas, as organizações devem lançar mão sistema financeiro aberto para passar a confiança de que os dados dos clientes são gerenciados de forma segura.
O Pix conseguiu a proeza de inserir 71 milhões de brasileiros no ambiente digital bancário em apenas seus dois primeiros anos de existência. Uma das consequências positivas desse avanço é o alto volume de dados gerados desde então. Nesse sentido, o Open Finance tem como potencial enriquecer as informações usadas pelas instituições, por exemplo, com uma melhor análise para concessão de crédito.
Porém, é parte fundamental a participação e o consentimento dos clientes para o uso de seus dados. Sem isso, o avanço do Open Finance no Brasil continuará lento. Essas novas instituições também têm o dever, como as que já estão há mais tempo no sistema, de se dedicarem a produtos e serviços que atendam à pessoa física, pois quanto maior a participação da sociedade, maior o êxito de todo o ecossistema financeiro. Por isso, reforço meu posicionamento de que é preciso investir em educação financeira para que as diversas possibilidade ofertadas pelo Open Finance sejam conhecidas e, consequentemente, o ecossistema prospere.
*Head da área de Digital na Dimensa.
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NATALIA DIAS NEGRETTI
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