Com os smartphones, tablets, videogames e televisores cada vez mais presentes na vida de crianças e adolescentes, o tempo no uso de telas vem sendo um motivo de preocupação entre pais e responsáveis. Isso porque, tratando-se desse grupo etário, o uso excessivo de atividades com recursos tecnológicos pode gerar problemas na evolução cerebral, o que aumenta o risco para condições cognitivas, comportamentais e emocionais. Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto Telethon Kids e Universidade de Adelaide, publicado este ano pela revista científica JAMA Pediatrics, revelou que quanto mais crianças ficam expostas às telas, menos interação e conversas elas têm com os pais, o que pode atrasar e prejudicar o desenvolvimento da linguagem.
“A única barreira que temos entre as constantes investidas de sugestões e influência de aplicativos é nossa capacidade crítica. Essa capacidade depende de um grau de maturidade que crianças muito dificilmente terão. No entanto, desde pequenas, as mesmas crianças são submetidas ao universo virtual e tornam-se, portanto, produtos sem a única camada que poderia lhes proteger. A partir da experiência com meu próprio filho, percebi que a melhor estratégia não é a proibição, mas sim o controle. Assim, é possível avaliar o uso, prestar atenção em alterações de comportamento e calibrar horários e rotinas. Estabelecer rotinas é benéfico não apenas pelos resultados, mas pelo ensino de limites e combinados.”, aponta Heitor Cunha, CEO da CodeBit, empresa especializada nas áreas de desenvolvimento e infraestrutura em nuvem, que criou o CodeWall, uma plataforma que possibilita o uso consciente da internet e auxilia na rotina familiar através de seu aplicativo.
Diante desse cenário, Heitor separou quatro estratégias que ajudam os pais a estabelecerem o equilíbrio do tempo de tela, entre crianças e adolescentes, e o cultivo de hábitos saudáveis no cotidiano familiar . Confira a seguir:
1. Estímulo de exercícios físicos
A prática de atividades físicas deve ser incentivada pelos pais e inserida na rotina das crianças e adolescentes. Esportes como futebol, vôlei e natação podem ajudar no crescimento, bem como melhorar o humor e o sono. Além disso, outras atividades como brincadeiras de pular, correr e interagir com outras crianças ao ar livre ajudam no desenvolvimento de novas habilidades e formação cerebral, como foco, concentração e paciência – habilidades que têm diminuído em decorrência da agilidade que a internet proporciona.
2. Incentivo à leitura e outras atividades
O desenvolvimento desse grupo etário vai para além das salas de aula. Em casa, é importante que pais e responsáveis incentivem novos hábitos. Estabeleça um período diário de leitura, preferencialmente com toda a família focada na atividade ao mesmo tempo. Adicionar a leitura antes de dormir pode ser uma boa estratégia, uma vez que a exposição a dispositivos durante à noite está associada à falta de sono. Outras práticas como desenhos, pinturas e recortes podem ser acrescentadas no dia a dia, dando espaço para novos aprendizados e diminuindo o tempo nas telas.
3. Estabelecer regras
Um dos pontos-chave da educação em casa é o diálogo. Por isso, combinar horários e momentos em que pode ou não usar recursos tecnológicos é essencial. Por exemplo, não usar telas durante as refeições ou durante o percurso até a escola. Essa medida pode auxiliar na percepção de tempo, uma vez que estando conectado à dispositivos não temos a percepção real do tempo, e essa falta de percepção pode causar transtornos futuros, deixando crianças e adolescentes mais ansiosos e impacientes com situações cotidianas.
4. Apoiar-se em novos recursos
Hoje existem inúmeros recursos que podem auxiliar no controle acesso à telas e garantir um uso mais consciente, como aplicativos ou até mesmo sistemas integrados nos próprios dispositivos. Essas funcionalidades ajudam a ter controle no tempo de uso dos aparelhos, o que evita a dependência e também possibilita às famílias desfrutarem de momentos de desconexão.
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Bruna Cruz Faraco
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