Por Vinícius Boemeke*
Em um mundo onde a experiência digital do colaborador pode ser a diferença entre reter talentos ou perdê-los, a segurança dos dispositivos não deve ser um empecilho, mas sim uma aliada. Historicamente, os conceitos de User Experience (UX) e segurança têm sido vistos como forças concorrentes dentro da experiência digital — melhorar um desses aspectos frequentemente implica em comprometer o outro. Essa tensão se revela em diversas atividades cotidianas. Tomando os aplicativos de bancos como um exemplo, a implementação de medidas de segurança, como a autenticação multifator, embora essenciais, tornam as transferências e o acesso a conta em processos mais demorados. Da mesma forma, em plataformas de e-commerce, enquanto protocolos de segurança rígidos protegem transações financeiras, eles podem também acrescentar etapas adicionais ao processo de compra, potencialmente frustrando os consumidores.
No ambiente corporativo, essa competição é igualmente perceptível em relação ao uso de dispositivos móveis. Nesse contexto, o conceito de Digital Employee Experience (DEX), uma vertente do User Experience (UX), ganha relevância. A DEX se concentra na qualidade da experiência digital dos funcionários ao interagirem com as ferramentas de trabalho, buscando garantir que as equipes tenham acesso rápido e eficiente a essas ferramentas, sem enfrentar entraves contínuos de segurança. Assim como o UX foca na satisfação dos usuários finais, a DEX aplica esses princípios no ambiente corporativo. No entanto, a proteção de dados e a prevenção de ameaças cibernéticas permanecem cruciais.
Encontrar um equilíbrio entre uma experiência digital fluida e a implementação de protocolos de segurança é um desafio constante, mas essencial para assegurar a produtividade, a integridade dos dados corporativos e, não menos importante, a satisfação dos colaboradores.É possível balancear a experiência de usabilidade e os aspectos de segurança de uma maneira em que se crie uma experiência fluida para o usuário e um ambiente seguro para a organização? A resposta pode estar em identificar e mitigar os obstáculos que comprometem a fluidez, buscando soluções que integrem a segurança sem comprometer a eficiência e a facilidade de uso.
Amenizando pontos de fricção na experiência digital
Segundo uma pesquisa da Gartner com 1.434 colaboradores, a má qualidade dos dados, a usabilidade deficiente, os fluxos inconsistentes, as tarefas repetitivas e a falta de conhecimento da liderança sobre o impacto da tecnologia são os principais gargalos que comprometem a experiência digital do funcionário.
Quando a qualidade dos dados é baixa, decisões equivocadas e respostas lentas às demandas de trabalho são quase inevitáveis. Dados incorretos ou desatualizados em um sistema de gerenciamento de clientes, por exemplo, podem levar a abordagens inadequadas e perda de oportunidades de vendas. A usabilidade deficiente em aplicativos móveis frustra os usuários, reduzindo a adesão e a produtividade. Um aplicativo de gestão que não é intuitivo dificulta a inserção de informações por parte dos funcionários, gerando erros e atrasos nas operações.
Fluxos de trabalho inconsistentes e complexos aumentam o tempo necessário para realizar tarefas e podem desencorajar o uso de ferramentas móveis. Processos que exigem múltiplas etapas para simples aprovações ou atualizações desmotivam os colaboradores, podendo levar ao abandono do uso dos dispositivos móveis para essas funções. A repetição de tarefas manuais, como inserir os mesmos dados em diferentes sistemas, além de ser ineficiente, também é propensa a erros humanos, prejudicando a eficácia geral da operação.
Focando na qualidade dos dados, simplificação dos fluxos de trabalho e uma experiência de usuário intuitiva, as empresas podem criar um ambiente digital mais eficiente e agradável, aumentando a satisfação e a produtividade no uso de dispositivos móveis. No entanto, a verdadeira extensão do impacto de uma experiência digital aprimorada no bem-estar corporativo e no desempenho dos colaboradores permanece amplamente subestimada.
A importância da experiência digital no ambiente corporativo ainda é subestimada
De acordo com a Digital Worker Survey de 2022 do Gartner, que entrevistou 4.739 profissionais, a conexão entre a satisfação com a experiência digital e a retenção de talentos é evidente. Dos 2.985 profissionais que relataram estar satisfeitos com a experiência digital em seus ambientes de trabalho, 40% permaneceram na empresa sem buscar outras oportunidades, enquanto 39% exploraram novos papéis dentro da mesma organização. Apenas 12% estavam indecisos entre continuar na empresa ou buscar oportunidades externas, e 9% procuravam emprego fora.
Por outro lado, entre os 1.753 participantes que expressaram insatisfação com a experiência digital, 40% estavam estagnados em seus cargos, 24% buscaram alternativas dentro da empresa, 19% exploraram possibilidades tanto internas quanto externas, e 17% estavam decididos a sair.
Esses dados deixam claro que uma experiência digital inadequada pode prejudicar a produtividade e o bem-estar dos colaboradores, além de intensificar a rotatividade, afetando a retenção de talentos. Em um cenário de crescente competitividade, as organizações que não colocam a experiência digital dos colaboradores como prioridade correm o risco de perder eficiência e seus melhores profissionais. Investir em soluções digitais que equilibrem segurança e facilidade de uso é essencial para criar um ambiente de trabalho mais estável e produtivo.
A experiência digital como fator de sucesso organizacional
Para muitos, uma experiência digital ruim pode parecer apenas um pequeno inconveniente, mas para aqueles que interagem com dispositivos móveis diariamente no trabalho, isso é motivo de frustração e descontentamento. Para o colaborador, essa frustração se traduz em uma redução da produtividade, aumento do estresse e desmotivação, afetando diretamente seu bem-estar e desempenho. Processos ineficazes e sistemas mal projetados provocam um sentimento de impotência e insatisfação constante.
Já para a empresa, a usabilidade deficiente dos sistemas resulta em desperdício de recursos, aumento dos custos operacionais e uma maior rotatividade de pessoal. Além disso, a resistência à adoção de novas tecnologias pode dificultar a inovação e a competitividade no mercado.
É importante entender que, para os usuários finais, a qualidade da interação digital pode fazer a diferença entre um dia de trabalho produtivo e uma jornada cheia de obstáculos e frustrações. Equilibrar segurança e usabilidade continua sendo um desafio, mas é imperativo que a experiência digital seja prática, veloz e confiável. Apenas assim as empresas conseguem garantir um ambiente de trabalho eficiente e satisfatório, maximizando a produtividade e a integridade dos dados.
*Vinícius Boemeke é Co-Founder & CEO da Pulsus.
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STEPHANIE FERREIRA
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