Os princípios básicos do combate ao crime financeiro não mudaram. Dados confiáveis e Know Your Customer (KYC) ainda são essenciais. Mas o mundo está mais dinâmico, complexo e interconectado do que nunca. As tendências de compliance contra crimes financeiros para 2025 refletem os desafios desse cenário em mudança. Abaixo estão as principais previsões da LexisNexis Risk Solutions para o próximo ano:
1. A IA começa a dar frutos na luta contra o crime financeiro
O valor da inteligência artificial (IA) está em sua capacidade de analisar enormes quantidades de dados estruturados e não estruturados em tempo real para detectar anomalias. Os modelos orientados por IA aprendem continuamente – usando novos dados, Processamento de Linguagem Natural (PLN), comportamento passado e transações históricas para melhorar a qualidade da correspondência e identificar proativamente atividades suspeitas.
Com um aumento de 56% em crimes financeiros apoiados por IA, os bancos precisam reavaliar as táticas existentes. A maneira mais eficaz de combater essa ameaça crescente é por meio de uma abordagem combinada que integra soluções alimentadas por IA, expertise humana e dados de alta qualidade.
US$ 1,4 trilhão é o custo anual do compliance contra crimes financeiros para a economia global
US$ 34,7 bilhões é a quantia que as instituições financeiras devem gastar em tecnologia de compliance contra crimes financeiros em 2024
Mais de 50% das instituições financeiras estão usando ou planejando usar IA para compliance contra crimes financeiros:
– 24% – usando IA
– 32% – estágios iniciais de adoção
– 30% – considerando o uso de IA
Quase 70% das organizações acreditam que a IA levará a mais receita
Onde a IA oferece o maior impacto:
– melhor precisão e qualidade de correspondência (e menos falsos positivos)
– maior eficiência
– identificação de anomalias em tempo real
– avaliação proativa de risco
– Melhor transparência e explicabilidade para compliance regulatório mais garantido
2. As parcerias público-privadas destacam o valor da colaboração estratégica
As redes criminosas cada vez mais complexas e a natureza transnacional do crime financeiro geraram uma mudança na indústria em direção à colaboração estratégica. Agências reguladoras, autoridades policiais e entidades do setor privado estão unindo forças para compartilhar inteligência e combater crimes financeiros juntos. Esses esforços colaborativos oferecem uma linha de defesa eficaz para detectar e prevenir lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo e outros crimes financeiros. Eles continuarão a desempenhar um papel fundamental para ajudar a conter o fluxo de trilhões de dólares em fundos ilícitos globalmente.
Parcerias público-privadas ganham forma em todo o mundo:
África do Sul: Projeto Blood Orange
A polícia sul-africana colaborou com uma equipe multidisciplinar, incluindo a KPMG e o South African Revenue Service, para investigar uma rede criminosa responsável pelas crises de caça ilegal de rinocerontes no país. Como resultado, 16 pessoas foram presas por lavagem de dinheiro, corrupção e conspiração.
16 pessoas presas
Zero incursões por mais de 5 meses
Mais de 30% de redução na caça ilegal de rinocerontes
Singapura: COSMIC
Lançado em abril de 2024, o COSMIC é a primeira plataforma digital centralizada para compartilhamento de informações de clientes entre instituições financeiras.
Reino Unido: Economic Crime Plan 2 (ECP2)
Com foco em prioridades conjuntas e colaboração entre agências governamentais, autoridades policiais e entidades privadas, o ECP2 do Reino Unido visa “prevenir, detectar e interromper o crime econômico”.
3. O alcance regulatório torna-se mais longo, mais amplo e mais profundo
Muitas organizações sabem em primeira mão as repercussões financeiras e de reputação que vêm da exposição a atividades ilegais de parceiros e fornecedores terceirizados. Novas regulamentações estão apertando o cerco no compliance de sanções, due diligence e requisitos de know your business (KYB). Monitoramento contínuo e avaliação de risco robusta – para “gatekeepers”, bem como para risco ambiental, social e de governança (ESG) – serão essenciais para garantir que os relacionamentos com terceiros resistam ao escrutínio em um cenário regulatório em evolução.
Aumento de risco, execução e custo andam de mãos dadas:
69% dos executivos seniores globalmente esperam que os riscos de crimes financeiros aumentem
Mais de 60% esperam que as ações de execução aumentem
38% culpam o aumento de regulamentações pela elevação dos custos de compliance contra crimes financeiros
Os esforços de due diligence variam de acordo com o setor
85% das organizações de serviços financeiros realizam due diligence de compliance baseada em risco em terceiros; nas empresas de consumo e varejo essa taxa é de 45%.
Mais de 1/3 das organizações acham desafiador acompanhar as mudanças nas regulamentações
4. Suborno e corrupção ocupam o primeiro lugar
Suborno e corrupção podem desestabilizar economias, minar a confiança em instituições governamentais, sufocar investimentos externos e impedir o crescimento. Apesar das leis anticorrupção em 50 países, gerenciar riscos de suborno e corrupção continua sendo um desafio em todo o mundo.
Organizações sem um profundo entendimento de sua cadeia de suprimentos correm o risco de fazer negócios com terceiros corruptos. Transparência, monitoramento contínuo e avaliação de risco eficaz de relacionamentos com terceiros são essenciais para combater a ameaça de suborno e corrupção.
Mais de 2/3 dos 180 países classificados no Índice de Percepção da Corrupção (CPI na sigla em inglês) da Transparência Internacional têm sérios problemas de corrupção
US$ 3,6 trilhões é o custo anual de suborno e corrupção globalmente (US$ 1 trilhão em subornos e US$ 2,6 trilhões roubados por meio de corrupção)
48% dos profissionais de compliance esperam que os riscos de suborno e corrupção aumentem
Relacionamentos com terceiros são uma preocupação
Quase todos os problemas de execução do Foreign Corrupt Practices Act (FCPA) desde 1978 envolveram um terceiro.
59% dos executivos seniores citam terceiros como o maior risco de corrupção para seus negócios
Esforços antissuborno e anticorrupção ao redor do mundo:
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) Antissuborno e Anticorrupção
U.S. Foreign Corrupt Practices Act (FCPA)
California Transparency in Supply Chains Act
UK Bribery Act
UK Modern Slavery Act
United Nations Convention against Corruption
5. Os clientes continuam a elevar o nível de expectativas
A transformação digital que ocorreu durante a Covid não diminuiu. Na verdade, ela elevou as expectativas. Os consumidores querem velocidade, conveniência, segurança, taxas baixas e uma experiência personalizada — tudo em um ambiente seguro e contínuo que não os faça passar por obstáculos em cada interação. A expectativa é a de que a experiência centrada no cliente, ao mesmo tempo em que equilibra a prevenção de fraudes e o compliance, continue sendo um desafio e uma prioridade para os provedores de serviços financeiros ao longo de 2025.
– A experiência do cliente é o principal impulsionador da fidelidade do cliente:
76% dos clientes trocariam de banco se encontrassem um que atendesse melhor às suas necessidades (contra 52% em 2020)
50% dos consumidores mudariam para um concorrente após uma única interação insatisfatória
70% dos consumidores abandonariam a abertura de uma nova conta se o processo demorasse muito
– Bancos que priorizam a experiência do cliente:
crescem 3x mais rápido do que aqueles que não o fazem
percebem aumento de 55% no ROI
capturam uma fatia 1,9x maior da carteira
– 85% dos executivos de compliance contra crimes financeiros dizem que melhorar a experiência do cliente é uma prioridade máxima
– Mudanças nas regulamentações destacam a necessidade de processos de compliance contra crimes financeiros rápidos e contínuos:
10 segundos é a janela de pagamento para cumprir com o Regulamento de Pagamentos Instantâneos SEPA para processamento de transferências instantâneas de crédito em euros
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Eva Rodrigues Pereira
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