Gustavo Alonge*
O retorno das demissões em massa em grandes empresas de tecnologia pegou o mercado de surpresa nestes primeiros dias de 2024. Isso porque sete grandes e influentes companhias do setor dispensaram um total de mais de duas mil pessoas nas duas últimas semanas. Nomes como Alphabet (empresa-mãe do Google), Amazon, TikTok, Discord e Duolingo anunciaram cortes e enxugamento de diversos departamentos, como publicidade e vendas. A Microsoft também anunciou recentemente que realizará uma demissão de 1,9 mil pessoas da divisão de games, mesmo após a compra do estúdio Activion Blizzard, cuja aquisição foi concluída no ano passado por US$ 69 bilhões, maior negócio na história da tecnologia.
Startups também fizeram demissões, como, por exemplo, o aplicativo de ensino de idiomas Duolingo, que demitiu redatores e tradutores e os substituiu por ferramentas de inteligência artificial (IA). Já o “unicórnio” Brex, fundada por dois brasileiros bilionários nos Estados Unidos e avaliada em US$ 12 bilhões em setembro do ano passado, anunciou a demissão de 282 pessoas.
O que pode estar influenciando essas demissões em massa, já que o mercado de tecnologia estava aquecido em 2022 e 2023? Primeiro, é uma expectativa do mercado de 2024 mesmo. O mercado está pessimista, pois talvez estoure uma recessão muito grande, principalmente nos Estados Unidos, e isso pode afetar todos os mercados. Outro ponto central é o efeito da Inteligência Artificial no mercado. Muitas empresas estão cortando várias funções em razão da IA. Esse é um sentimento diário do mercado e que reflete no corte de funcionários em todo mundo.
Outro fator importante é que várias empresas de capital aberto perceberam que cortar custo aumenta a lucratividade dos investidores e, por consequência, aumenta o valor da empresa. Então, as empresas estão optando por uma estratégia mais enxuta. A maioria das companhias não estão naquela fase de desenvolver novos projetos e de criar novas coisas. Elas estão apostando em um olhar especial para projetos internos e em investimentos em projetos que já estão funcionando.
Existem alguns exemplo no Brasil de empresas que estão fazendo esse movimento. Ao invés de apostar em cinco ou seis vertentes diferentes, estão enxugando os custos e atuando em seus focos centrais. Exatamente para trazer mais credibilidade e segurança para a marca e maior confiança para os investidores, que ficam mais tranquilos em observar que a companhia não está se arriscando em momento de atenção.
Portanto, esse movimento demissional na área de tecnologia, que as vezes parece tão carente de mão de obra qualificada, é um recado do mercado que está pessimista com o horizonte de curto prazo. As empresas, de certa forma, estão sendo forçadas a “dançar essa valsa” do mercado e começaram o ano reduzindo seus quadro de recursos humanos. Essas demissões acontecem, sem dúvidas, em meio à euforia da IA e seus desdobramentos. Essas novas ferramentas devem ditar os rumos do setor. E aquelas empresas que dominares a Inteligência Artificial e seus recursos devem ter maior relevância no mercado. Acreditamos que o pior já passou, mas caso a recessão aconteça mesmo na América do Norte, outra onda de cortes pode acontecer.
*Gustavo Alonge é especialista em marketing digital e CEO da Engajatech
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