O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) sediou nesta quinta-feira (11) a oficina técnica sobre estratégia e planejamento de adaptação climática promovida em conjunto com o Climate Change Committee (CCC) do Reino Unido, e apoio da Embaixada do Reino Unido. A atividade apoia o desenvolvimento do plano de adaptação brasileiro, chamado de Plano Clima. Participaram representantes dos ministérios que integram o Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima.
A colaboração é executada por meio do Programa UK PACT Skill-Share e está inserida na parceria entre Brasil e Reino Unido de Crescimento Verde e Inclusivo.
A oficina sobre o tema de adaptação encerra um ciclo de três dias de workshops, incluindo debates em torno de caminhos de descarbonização para alcançar a neutralidade de emissões, financiamento verde e investimentos públicos e privados, e encontros bilaterais. Em fevereiro, foi realizado um webinar sobre avaliação de risco preparatório para a oficina.
O CCC é um comitê independente de especialistas estabelecido por uma lei britânica sobre mudança do clima de 2008. O grupo assessora o governo britânico sobre metas para redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) e adaptação. Os representantes do CCC compartilharam a experiência de desenvolvimento do processo de monitoramento e avaliação do plano nacional de adaptação do Reino Unido, que contempla 13 áreas temáticas, como elaborou o levantamento e a avaliação de riscos climáticos.
Na abertura, o coordenador-geral de Ciência do Clima do MCTI, Márcio Rojas, citou a colaboração entre os países na área científica, como o desenvolvimento do projeto AmazonFACE. “Este é um dos projetos mais importantes da atualidade na esfera global para estudar os impactos de uma atmosfera de alto carbono na floresta Amazônica”, falou sobre o objetivo do projeto.
Rojas afirmou que os três dias de trabalho conjunto têm sido úteis para o intercâmbio de experiências em torno de elaboração, avaliação e melhores práticas de políticas públicas, considerando os planos de adaptação e de redução de emissões de gases de efeito estufa. “Temos tido oportunidade de aprender sobre como os britânicos têm lidado com os desafios e também em conhecer como o Comitê, que é independente, tem atuado”, afirmou. Ele mencionou que a colaboração tem se expandido para outras áreas, como a descarbonização da indústria.
O diretor de Clima, Natureza e Energia da Embaixada do Reino Unido no Brasil, Richard Ridout, afirmou que os efeitos e impactos da mudança do clima já são perceptíveis. Recentemente, em visita a pequenos produtores no Pará, ouviu relatos das comunidades locais a respeito. O diretor abordou os desafios envolvidos no financiamento de adaptação para qualquer país. “A adaptação é difícil para qualquer país em termos de captação de financiamento. No caso de mitigação, as empresas podem adaptar as tecnologias para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. No caso de adaptação, fica mais difícil”, afirmou.
A coordenadora-geral de Adaptação à Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Inamara Mélo, destacou que a colaboração ocorre em um momento importante para a elaboração do Plano Clima. Ela mencionou a complexidade do tema de adaptação, comparado à mitigação, que dispõe de metas quantificadas de redução de emissões de gases de efeito estufa. “Quando o assunto é adaptação se torna mais complexo, que envolve riscos e impactos climáticos, pensando em um país de dimensões continentais, com seis biomas distintos, níveis diferentes de desenvolvimento, milhares de quilômetros de costa”, afirmou. Mélo também mencionou que cerca de 3,7 mil municípios possuem baixa capacidade adaptativa e que 93% dos municípios já vivenciaram algum evento extremo na última década.