Conferência Livre debate a dualidade entre o conhecimento tradicional indígena e o científico

No último dia 21/03, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), unidade de pesquisa vinculada ao MCTI, realizou a Conferência Livre “Sistemas de Conhecimentos: tradicional indígena e científico – Diálogos Possíveis”. O encontro teve como objetivo refletir sobre os sistemas de conhecimento tradicionais indígenas e o conhecimento científico e a sua dualidade.

O evento integra as etapas preparatórias da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que acontecerá de 4 a 6 de junho, em Brasília-DF, para definir a nova estratégia nacional de CT&I pelos próximos 10 anos no Brasil.

Para Adalberto Luiz Val, representante da Academia Brasileira de Ciência (ABC/Região Norte), existe um grande trabalho pela frente para se ter um diálogo possível na discussão. “Avançamos pouco, precisamos avançar mais. Os desafios estão relacionados à prática e conceitos e, entre esses, talvez os desafios epistemológicos sejam os maiores”, disse ele lembrando as desigualdades que existem entre os mundos de conhecimentos.  

O diretor do Inpa, Henrique dos Santos Pereira, esteve na mesa de abertura e frisou que o instituto é protagonista entre as discussões preparatórias  que estão acontecendo no Brasil. “Queremos inaugurar uma outra fase. O Inpa não pode negligenciar que aqui há milênios se produzem conhecimentos e uma ciência consciente”, frisou desejando um bom debate.

A programação abordou, entre outros temas, a participação dos indígenas na pesquisa dos viajantes naturalistas até o século XX e as experiências de projetos e Programas de Pós-Graduação (PPGs) que buscam estabelecer um fazer científico dentro de uma colaboração mais simétrica. Também foram apresentadas as experiências de estudantes de povos indígenas distintos na universidade e em instituições de pesquisa.  

Ainda participaram do encontro as pesquisadoras do Inpa Ana Carla Bruno e Noemia Ishikawa, e dois indígenas: o doutorando em Botânica do Inpa, Gildo Feitoza (Makuxi) e o pesquisador membro do Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena da Universidade Federal do Amazonas (Neai/Ufam), Silvio Sanches Barreto (Bará) – atualmente bolsista do Instituto Serrapilheira; Patrica Melo, professora da Ufam.

Por Bel Neta, com informações do Inpa