O outono, que se inicia nesta quarta-feira (20), 00h06, continuará no ritmo do El Niño. Mesmo em fase de enfraquecimento, o fenômeno que aquece a superfície das águas do oceano Pacífico Tropical na região equatorial continuará a influenciar o regime de chuvas e as temperaturas no Brasil.
“O mapa de previsão climática está com ‘cara de El Niño‘, mas vamos passar por um período de transição”, afirma o pesquisador do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Caio Coelho, sobre as chuvas. Em relação às temperaturas, a perspectiva é de os termômetros se manterem acima da média para o período. “A previsão indica que teremos um outono diferente, mais quente, com temperaturas acima da média em praticamente todo o Brasil”, destaca “Apenas o extremo sul do Rio Grande do Sul poderá ter temperaturas mais amenas se as chuvas ficarem acima do normal”, complementa.
Os efeitos clássicos do El Niño no Brasil são chuvas acima da média na região Sul e abaixo da média no Norte e Nordeste. O pesquisador explica que, com a perda de força do fenômeno, que alcançou o ápice entre novembro e dezembro, é pouco provável que situações extremas de chuva, como as ocorridas na primavera de 2023, se repitam em decorrência do El Niño. “Não dá para fazer a relação direta. Mas, provavelmente será uma situação menos drástica”, diz.
Contudo, Coelho destaca que o outono é uma estação de transição e que isso influencia na habilidade preditiva dos modelos. “É um período que chamamos de barreira de previsibilidade”, explica. Além disso, outras variáveis e fenômenos, como o aquecimento do Atlântico Tropical, podem interferir nas condições regionais cotidianas que não envolvem apenas a grande escala. “O oceano Atlântico continua superaquecido, com a parte Norte um pouco mais aquecida do que o Sul. Isso pode favorecer o déficit de chuvas no Nordeste”, analisa.
A previsão indica que poderá haver possibilidade de chuvas importantes na faixa leste do Nordeste e no norte de Roraima, que vive momento de seca.
A nota técnica conjunta com a previsão climática trimestral, para abril, maio e junho, elaborada por CPTEC/INPE, Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME) será publicada na sexta-feira (22).
INPE e INMET publicaram nota técnica sobre o prognóstico detalhado para todas as regiões do país sobre o outono. Acesse aqui.