Profissionais de finanças, acostumados a trabalhar longas horas e sob pressão constante por precisão, desenvolvem um olhar afiado para detalhes e uma capacidade impressionante de usar o Excel de forma rápida e eficiente. No entanto, essa habilidade, muitas vezes considerada uma vantagem, acaba evidenciando um problema maior: a dependência de processos manuais e repetitivos. O problema começa com o que chamo de “ecossistema de ferramentas financeiras do CFO” – o conjunto de soluções de software utilizado pelo departamento financeiro para executar suas tarefas diárias. Isso porque, no centro desse ecossistema, está o Excel, o que resulta em fluxos de trabalho manuais e propensos a erros.
Assim, esse ecossistema encontra-se em um ponto ideal para a transformação. e acredito que uma nova geração de ferramentas está emergindo para atender a essa demanda. Essa terceira geração de ferramentas promete integrar todo o ecossistema financeiro, oferecer visibilidade em tempo real, reduzir significativamente o trabalho manual e inaugurar uma nova era para as finanças estratégicas, onde o foco está mais na geração de valor para a organização e menos na execução de tarefas operacionais.
O Ecossistema de Ferramentas Financeiras – Centrado no Excel, Fragmentado e Manual
Os CFOs precisam lidar com dados que estão distribuídos em vários sistemas isolados. Isso ocorre porque as funções sob a responsabilidade do executivo são geridas diariamente por especialistas de diferentes áreas (finanças, contabilidade, vendas, cadeia de suprimentos, entre outros). Cada área utiliza sua própria ferramenta e, com o tempo, acabam tornando-se silos de dados. Embora a evolução seja natural, o resultado é um ecossistema fragmentado, que os CFOs e suas equipes financeiras encontram mais dificuldade em gerenciar.
Alguns dos principais problemas no uso das planilhas estão na falta de uma visão consolidada dos dados financeiros, colaboração limitada, ausência de rastreamento de alterações e auditoria, falta de controles de segurança por usuário e dificuldade em identificar problemas à medida que as planilhas se tornam mais complexas. Além disso, o desempenho cai rapidamente em grandes planilhas, o que pode torná-las ineficientes em operações mais robustas. A equipe financeira também precisa unir conjuntos de dados, formatar informações e revisar os totais, consumindo tempo apenas para iniciar o trabalho real. Além de manuais, esses processos são repetitivos e estão presentes em muitas tarefas financeiras que ocorrem semanal, mensal, trimestral e anualmente, aumentando as chances de erros.
Nesse cenário, as equipes só conseguem visualizar dados depois que os relatórios passam pelo ciclo de fechamento financeiro, o que pode resultar em um atraso de semanas. Sem essa visão, responder a mudanças, tendências e eventos críticos torna-se extremamente difícil. Esses problemas fazem com que os times fiquem sobrecarregados, sem tempo para atuar de forma estratégica.
Solução: A Terceira Geração de Ferramentas do time financeiro
A tecnologia nos permite softwares com interfaces modernas e intuitivas, combinadas com treinamentos e documentação abrangente, permitindo que os usuários alcancem valor rapidamente. A eliminação de complexidades evita custos adicionais com serviços especializados, que eram comuns em gerações anteriores. Além disso, ferramentas de terceira geração oferecem métricas predefinidas e transformação de dados sem necessidade de programação, com análises aprofundadas desde os dashboards até o nível de transações específicas.
Nesse cenário, uma das palavras-chave é automação. Isso porque, relatórios e análises recorrentes, como a comparação entre orçamento e realizados, são gerados com poucos cliques. Ainda, ferramentas de inteligência artificial auxiliam na criação de variações financeiras baseadas nos dados da empresa. Com esses avanços, a visão em tempo real dos dados organizacionais e a capacidade de análise profunda estão ao alcance das equipes financeiras, eliminando tarefas manuais e permitindo que se concentrem em gerar valor estratégico para a empresa.
*Guto Fragoso é cofundador e CFO da Kamino, software de gestão financeira, com banco integrado, para médias empresas. Economista formado pela Unicamp e mestre em empreendedorismo pela FEA – USP, onde estudou empresas scale-ups, iniciou a carreira na consultoria Mckinsey, se dedicando a projetos de estratégia e finanças corporativas. Também atuou como gerente financeiro do Groupon, tornando-se CFO da operação no Brasil; como country manager da insurtech chilena ComparaOnline (financiada, entre outros, pelos fundos Kaszek e Ribbit); e ainda foi um dos líderes de produto da vertical de livros digitais (Kindle) da Amazon no Brasil.
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MARIA FERNANDA SOUZA PETRIZZO
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