por Inon Neves, vice-presidente da Access
Em 11 de setembro último, o governo federal anunciou um novo conjunto de ações e medidas da Missão 4 da Nova Indústria Brasil – que, entre outros pontos, vai direcionar R$ 560 milhões para smart factories e digitalização industrial, envolvendo micro, pequenas e médias empresas industriais.
O movimento do Planalto se encontra, justamente, em um momento em que a indústria precisa se voltar novamente ao processo de digitalização. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), o percentual de indústrias digitalizadas no Brasil é de 18,9%, aferidos em 2023. A meta do governo é digitalizar ao menos 50% do setor industrial até 2033.
De fato, a indústria brasileira ganhou impulso rumo à digitalização durante a pandemia, com a aceleração da digitalização em cerca de 10 anos, segundo estudos. Com a retomada ao “normal”, e os já conhecidos desafios econômicos e de mercado da indústria nacional, o processo de digitalização também se tornou mais lento.
A importância da digitalização na indústria
A digitalização se tornou um pilar essencial para a competitividade industrial globalmente, e para o Brasil, essa transformação é ainda mais crucial. Com o avanço das tecnologias e a rápida adoção de sistemas digitais, a produção industrial tem experimentado ganhos significativos em eficiência, precisão e capacidade de adaptação a novas demandas. No entanto, a concorrência de outros mercados, como a China, exige que a indústria brasileira acelere seu processo de transformação digital.
A China, aliás, é um exemplo claro de como a digitalização pode transformar uma economia. Com investimentos massivos em tecnologia, automação e inteligência artificial, o setor industrial chinês conseguiu aumentar sua produtividade e reduzir custos de maneira significativa. Isso coloca uma pressão enorme sobre indústrias em outros países, incluindo o Brasil, para que se modernizem e adotem processos semelhantes.
Digitalizar a indústria brasileira não é apenas uma questão de manter-se competitivo, mas também de alcançar benefícios tangíveis que podem ampliar o crescimento econômico e a inovação, trazendo mais eficiência com a automação de processos, redução de custos, maior capacidade de adaptação e melhoria na qualidade.
Fábrica sem papel: digitalização de processos como princípio
Um dos aspectos ainda a serem explorados na modernização da indústria brasileira é o conceito de “fábrica sem papel”. Por incrível que pareça, boa parte da indústria ainda caminha com a organização de seus processos em papel – não é raro, por exemplo, o controle da manutenção de uma máquina ser anotado em papel, por exemplo. E esse é um processo essencial para manutenção do ritmo e volume de produção.
Ao eliminar o uso de papel, com a digitalização de processos e documentos, a indústria pode ter uma gestão mais eficiente e segura das informações, facilitando o acesso e a análise de dados em tempo real.
Essa transformação não só aumenta a produtividade, como também melhora a comunicação e a colaboração entre equipes, uma vez que os dados podem ser compartilhados instantaneamente e de forma mais precisa. A rastreabilidade e a conformidade regulatória também são aprimoradas, pois registros digitais são mais fáceis de auditar e monitorar.
Ademais, a fábrica sem papel contribui para a sustentabilidade ambiental, um fator cada vez mais importante para a reputação e a responsabilidade social corporativa das empresas. Ao reduzir o consumo de papel, as indústrias diminuem a demanda por recursos naturais e a emissão de gases de efeito estufa associados à produção e ao transporte de papel.
Desafios e caminhos a seguir
Apesar dos benefícios, a digitalização no Brasil enfrenta diversos desafios. A falta de infraestrutura adequada, a necessidade de investimentos significativos e a capacitação de mão-de-obra são alguns dos obstáculos que precisam ser superados. O apoio do governo, por meio de iniciativas como a Missão 4 da Nova Indústria Brasil, é fundamental para impulsionar esse processo.
A digitalização não é apenas uma tendência, mas uma necessidade urgente para que a indústria brasileira possa não só sobreviver, mas prosperar em um cenário global altamente competitivo. Com a concorrência de mercados como o chinês, que já estão na vanguarda da transformação digital, o Brasil precisa acelerar seus esforços para não ficar para trás.
Ao investir em tecnologias avançadas e em processos de digitalização, a indústria brasileira pode se posicionar de maneira mais competitiva e inovadora, garantindo um futuro mais promissor para o setor e para a economia do país como um todo.
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EMILIA BERTOLLI PATRIZI
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