Vivemos em um mundo líquido – e aqui se encaixa o conceito do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, que diz respeito a como as relações sociais, econômicas e de produção são fugazes e frágeis, com transformações contínuas, repletas de incertezas, velocidade e mudanças. Quando o assunto é inovação tecnológica, é inegável que a pandemia alterou irrevogavelmente o panorama global, mas, em 2023, testemunhamos algo ainda mais impactante: o maior divisor de águas nessa transformação desde a era da internet – recordando que, antes dela, não tínhamos celulares, redes sociais, aplicativos de Uber, Netflix ou nada do tipo.
Especialistas como Bill Gates destacam que a Inteligência Artificial (IA) criará um impacto que poderá rivalizar com o advento da internet. Se a última década representou a infância da IA, período em que ela precisava de babás e aprendeu a se comunicar, criando vocabulário próprio e desenvolvendo sua própria criatividade, em 2023, entramos para a fase da pré-adolescência – um período peculiar, ainda um pouco estranho, permeado por muitas dúvidas e mudanças de comportamento a todo o tempo, nem sempre respondendo de forma precisa.
Neste cenário, as empresas têm a oportunidade de se destacar, assumindo a liderança e estando mais preparadas para gerenciar incertezas em um mundo fluido e incerto. Refletindo sobre o passado, vimos empresas como Apple, Amazon, Google, Meta e Nvidia surgirem na esteira da revolução da internet, tornando-se gigantes globais e pavimentando o caminho para inúmeras outras, como Uber, iFood e TikTok.
Ao refletirmos sobre o futuro, prevemos que a onda da IA será ainda maior, com um impacto transformador e acelerado em 2024. O avanço do hype de IA, que dobra sua capacidade a cada seis meses, promete mudanças profundas na sociedade, na saúde, nas empresas, na educação e nos negócios de forma geral.
À medida que entramos na fase adulta da Inteligência Artificial, surgem mais cobranças de responsabilidade para seu uso. As empresas passam a buscar os retornos de investimentos com maior atenção, deixando para trás a fase de “laboratório de inovação” pela qual passamos nos últimos anos. A competição distanciará rapidamente muitas organizações de seus concorrentes, sem permitir que haja tempo para procrastinação.
Para exemplificar melhor essas movimentações, enquanto o índice NASDAQ das maiores empresas de tecnologia registrou queda de 16% em 2023, algumas empresas se destacaram por motivos importantes e relevantes. A Microsoft, por exemplo, contou com crescimento de 42% depois que investiu mais de 10 bilhões de dólares na OpenAI, capitalizando retornos significativos com investimentos na solução. Já o Mercado Livre alcançou crescimento de quase três dígitos em 2023, se destacando como uma das maiores empresas de tecnologia da América Latina, enquanto o varejo brasileiro enfrenta desafios. Talvez a empresa que mais tenha se beneficiado com o crescimento da IA nos últimos três anos, a Nvidia apresentou crescimento expressivo em 2023, de 199%, tornando-se uma das 10 maiores empresas do mundo.
Para lidar com as incertezas que estão por vir, não somente em 2024, mas no futuro, as empresas precisarão adotar cada vez mais a cultura Data Driven, transformando-se em organizações orientadas por dados e alimentadas por algoritmos de IA.
Ao anteciparem suas estratégias de IA para este ano, buscando retornos de investimentos relevantes para seus negócios, todos os setores e empresas podem se beneficiar. Contudo, este é um driver que precisa ser conduzido diretamente pelo C-Level, garantindo a prioridade para superar os desafios comuns relacionados às habilidades dos executivos em relação ao tema, clareza do impacto para o negócio, mudança cultural e aumento da produtividade, sem receios da substituição de funções humanas nas organizações.
As bigtechs de hoje, que eram crianças há pouco tempo, estão moldando o futuro das tecnologias atuais. Por isso, antecipar as grandes mudanças pode ser a melhor saída e também a chave para que empresas permaneçam vivas e os profissionais se mantenham relevantes durante essa jornada, que já é irreversível.
Não há mais volta. A Inteligência Artificial é uma realidade. Em menos de uma década vamos testemunhar mudanças tão grandes ou maiores quanto vimos com a internet nos últimos 30 anos. Estamos navegando nas ondas da transformação e cabe a nós liderarmos esse processo para um futuro cada vez mais tecnológico e inovador.
*Anderson Paulucci é cofundador da Triggo.ai, startup focada em acelerar o desenvolvimento de produtos e soluções para Análise de Dados e Inteligência Artificial
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