O IX.br (Brasil Internet Exchange), iniciativa do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) apoiada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), completa 20 anos nesta quarta-feira (3). Responsável por implantar e promover a infraestrutura para a interconexão direta entre as redes que compõem a Internet no Brasil, o projeto tem ajudado ao longo dos anos a aprimorar a qualidade da conectividade que chega aos brasileiros. O IX.br, com 36 PTTs distribuídos em áreas metropolitanas das cinco regiões do país, é atualmente o maior conjunto de Pontos de Troca de Tráfego Internet (PTT) do mundo.
Instalados em um ou mais datacenters de uma localidade, os Pontos de Troca de Tráfego – ou Internet Exchanges – são pontos neutros onde há uma interligação física de redes de acesso (provedores de Internet), redes que oferecem serviços e conteúdos como comércio eletrônico, empresas de streaming de vídeo, sítios de buscas, redes sociais, bancos, universidades, órgãos de governo, entre outros. Essa infraestrutura compartilhada permite que as redes troquem pacotes de dados entre si, encurtando o trajeto que esses dados percorrem e evitando “seu passeio” até por locais fora do pais. Na prática, o resultado é uma Internet mais veloz, eficiente, resiliente e com custo mais baixo para o usuário final.
“O IX.br está muito alinhado com o propósito de atuarmos no desenvolvimento da Internet no país. Seu crescimento consistente, ao longo dos anos, confirma a oportunidade da iniciativa, que hoje representa o maior conjunto de PTTs, não só no número de localidades e de participantes, mas também na quantidade de tráfego trocado. Celebrar duas décadas de existência desse projeto e vê-lo alcançar esse patamar de excelência é motivo de muito orgulho para todos nós”, afirma Demi Getschko, diretor-presidente do NIC.br.
A robustez do IX.br deve-se ao modelo adotado no Brasil, em que a receita proveniente do registro de domínios .br é investida na melhoria da infraestrutura e no fortalecimento da Internet no país. “Sem fins lucrativos, o compromisso do IX.br é buscar o melhor desempenho e qualidade para seus clientes, assim como uma operação eficiente da Internet. Todos ganham com isso”, enfatiza Milton Kaoru Kashiwakura, diretor de Projetos Especiais e de Desenvolvimento do NIC.br. “Além de promover a interligação direta entre as redes, temos trabalhado no sentido de trazer novos conteúdos para o país. Nossa equipe vem convidando empresas estrangeiras de conteúdo a terem presença no Brasil, que possui 180 milhões de usuários de Internet. Para nós, é importante que o conteúdo em território nacional seja interligado ao IX.br, porque isso significa menor latência e maior qualidade para o usuário”, comenta Kashiwakura.
Eduardo Parajo, diretor da Associação Brasileira de Internet (Abranet), destaca a importância do projeto, operado, em suas palavras, de maneira “muito eficiente” pelo NIC.br. “O IX.br é um marco no que se refere à melhoria da qualidade da Internet no Brasil. Teve uma contribuição extraordinária, beneficiando os usuários nas diferentes regiões do país, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas. Continuaremos colaborando para divulgar e incentivar essa iniciativa, para que haja uma adesão cada vez maior de provedores, com o intuito de aperfeiçoar a Internet no Brasil como um todo”, afirma.
Já Basílio Perez, diretor da Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), lembra que o IX.br foi fundamental para democratizar o acesso à Internet no país, pois permitiu que os provedores regionais levassem banda larga de qualidade a cidades onde as grandes operadoras têm pouco interesse comercial. “Se não fosse pelo IX.br e pelos pequenos provedores, só 40% da população teria acesso à Internet. Atualmente, em qualquer uma das mais de 5 mil cidades brasileiras há três ou quatro pequenos provedores, o que representa uma concorrência importante, mesmo em localidades menores, e isso faz com que o Brasil esteja mais bem conectado”, afirma.
História
A atuação do IX.br foi iniciada em julho de 2004, após aprovação pelo CGI.br da iniciativa NIC.br via projeto PTT Metro. A iniciativa atendeu inicialmente a região metropolitana de São Paulo e reintegrou ao IX.br o primeiro Ponto de Troca de Tráfego do Brasil, operado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) desde 1998, além dos que surgiram via entidades acadêmicas e privadas. O modelo adotado pelo PTT Metro permitia que, ao conectar-se, todos os seus participantes trocassem tráfego entre si, o que atraiu a adesão cada vez maior de provedores de conteúdo e de acesso.
Em 2015, a inauguração de um centro de dados do NIC.br em São Paulo foi considerada um marco na história do IX.br ao ampliar sua infraestrutura de conexão. Construído com recursos próprios, o novo CPD contava, à época, com cinco vezes mais espaço do que a estrutura antiga, e apresentava disponibilidade de energia elétrica nove vezes maior.
Os investimentos em inovação têm sido contínuos. Se em 2017, por exemplo, o IX.br realizara em São Paulo, através de mudança de tecnologia, um salto da operação com portas de 10 GB indo para as de 100 GB, hoje o processo se repete: portas de 100 GB estão sendo ampliadas para 400 GB.
Recordes sucessivos
Nos últimos anos, o IX.br vem batendo recordes de troca de tráfego nas 36 localidades onde está presente. Em fevereiro de 2024, registrou o agregado de 35 Tbit/s. Na ocasião, o PTT de São Paulo – líder global no volume de troca de tráfego e número de participantes – chegou sozinho a 23 Terabits por segundo.
Para diminuir a dependência dos provedores de conteúdo em relação ao IX.br São Paulo, e descentralizar o tráfego Internet no Brasil, o NIC.br e o CGI.br apoiam o projeto OpenCDN, que promove a criação de mais células de distribuição de conteúdo ligadas aos Pontos de Troca de Tráfego Internet no IX.br nas diversas regiões do país.
O OpenCDN já está operando em Manaus (AM), Salvador (BA), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG) e Recife (PE), e em breve em Belém (PA) e Cuiabá (MT). O projeto vem continuamente buscando parcerias com CDNs (Content Delivery Network), datacenters e provedores para viabilizar a atividade em outras localidades do IX.br.
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MILENA OLIVEIRA CRUZ
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