No Dia Internacional da Mulher, trazemos uma entrevista com Regina Acher, cofundadora da Laboratória no Brasil, organização que busca inserir mais mulheres no mercado de tecnologia e já formou, em uma década, mais de 3.800 programadoras.
Em um cenário em constante evolução, como a Laboratória tem enfrentado os desafios no mercado de trabalho de tecnologia e como vocês pretendem continuar promovendo a inclusão e igualdade de gênero?
A Laboratória surgiu há uma década no Peru quando havia pouquíssimos bootcamps na América Latina. Com o foco em mulheres, rapidamente expandimos nossas operaçõespara mais países e foi justamente quando decidi trazer a organização para o Brasil em parceria com a Gabriela Rocha, atual CEO, a Mariana Costa e o Rodulfo Prieto. Embora tivéssemos o desafio de entrar nas empresas, havia grande demanda por profissionais de tecnologia e isso nos ajudou muito. Além disso, nesse contexto, vimos muitas equipes de tecnologia se tornarem mais diversas, com mulheres programando. No ano passado, no entanto, houve muitos layoffs e, inevitavelmente, as mulheres foram mais afetadas, visto que ainda eram minoria. Percebemos aí uma necessidade de reinvenção e passamos a graduar perfis mais diversos a fim de manter um alto nível de empregabilidade. Não podemos retroceder em relação aos avanços que fizemos nos últimos anos e, para isso, precisamos do engajamento de todos os setores da sociedade.
A Laboratória tem se destacado por capacitar mulheres sem muitas oportunidades para carreiras em tecnologia. Como você avalia o impacto dessas iniciativas na diversidade e inovação dentro do ecossistema de tecnologia no Brasil?
Iniciativas como a nossa tiveram e ainda têm um impacto muito positivo na composição dos times de tecnologia, que há dez anos eram praticamente apenas compostos por homens. Atualmente as equipes possuem maior diversidade e, consequentemente, diferentes olhares para a criação de produtos, serviços e aplicativos, potencializando assim melhores culturas de trabalho. Buscamos estar bem perto das empresas a fim de colaborar e construir em conjunto. É um papel da sociedade como um todo.
O Dia Internacional da Mulher é uma data importante para lembrar das conquistas das mulheres em todo o mundo. Quais são os marcos mais significativos que a Laboratoria alcançou desde sua fundação, e como vocês planejam continuar impulsionando o progresso nos próximos anos?
Nossos números são bastante expressivos de maneira geral. Já graduamos mais de 3.800 mulheres na América Latina e mais de 77% trabalham na área de tecnologia. Mais de 1.300 empresas já contrataram talento da Laboratória, o que nos enche de orgulho. Outro marco importante foi a criação do Código M, uma iniciativa que busca despertar o interesse pela tecnologia nas mulheres, com eventos e workshops. Em 2023, por exemplo, tivemos dois grandes encontros em Salvador. Esperamos poder impactar mais e mais mulheres nos próximos anos.
Sabemos que a Laboratória tem uma abordagem hands-on e colaborativa no treinamento de mulheres para o mercado de tecnologia. Como você vê o papel da educação prática e do trabalho em equipe no desenvolvimento profissional das alunas da Laboratória, e como isso se reflete nos resultados?
A educação tem mudado demais como um todo. Entendemos que, muitas vezes, em organizações muito grandes, esse avanço não é feito de forma tão rápida. Como uma empresa mais enxuta, temos mais flexibilidade nos formatos de aprendizagem, para que seja algo mais colaborativo, flexível e hands on, com ferramentas atuais e inovadoras. O mercado de tecnologia é mais prático que teórico e isso é uma oportunidade para os bootcamps. Temos muitos feedbacks de empresas que as alunas da Laboratória se destacam em comparação a quem recebeu uma formação muito teórica.