As tecnologias são uma parte essencial de nossas vidas diárias e estão influenciando cada vez mais a indústria da moda. Conceitos como techwear e smart fashion têm o foco na combinação de moda e tecnologias avançadas. Com o crescimento da inteligência artificial, o setor está assumindo uma nova dimensão. O desafio está em incorporar a tecnologia em vestíveis como roupas sem comprometer sua usabilidade. As inovações visam aumentar o conforto e a funcionalidade das peças, mas também trazem novos desafios. Como resolver, por exemplo, o carregamento? Como lidar com manutenção e lavagem?
A Check Point Research (CPR), divisão de Inteligência em Ameaças da Check Point Software, destaca os riscos relacionados à cibersegurança, uma das áreas mais importantes e subestimadas. Roupas inteligentes são muitas vezes caras para produzir, o que pode afetar a disponibilidade de produtos para o público em geral. Na busca por economia, algumas empresas ignoram ou negligenciam aspectos importantes, incluindo a cibersegurança.
Techwear: funcionalidade e estilo
Techwear combina alta funcionalidade, durabilidade e design moderno com inovações tecnológicas, como materiais impermeáveis e respiráveis, iluminação LED integrada para segurança noturna, elementos de aquecimento controlados por smartphone e materiais adaptáveis que reagem às condições ambientais. Contudo, essas características trazem riscos significativos de cibersegurança.
E é aí que o problema começa, pois qualquer dispositivo conectado, incluindo roupas inteligentes, pode ser hackeado. Quando você está nas montanhas, quer que sua jaqueta o mantenha aquecido e, talvez, salve sua vida no frio extremo. À noite, você depende dos LEDs para iluminar e mantê-lo seguro. Agora, não estamos falando de uma ameaça hipotética, mas de um risco real. Exemplos do mundo real mostram que até mesmo dispositivos aparentemente inofensivos, como lâmpadas inteligentes e aspiradores robôs, podem ser comprometidos.
Os riscos aumentam quando a tecnologia inteligente é usada em contextos militares. O Studio THE UNSEEN desenvolveu materiais que mudam de cor de acordo com a força do vento, temperatura ou pressão. Tais elementos de camuflagem podem ter usos significativos nas forças armadas, mas interferências nos elementos de aquecimento ou na camuflagem adaptativa podem ter sérias consequências, potencialmente alterando o resultado de operações críticas.
Smart Fashion: tecnologia vestível
A smart fashion integra tecnologia vestível em roupas e acessórios, enfatizando componentes eletrônicos e conectividade. Essa categoria inclui smartwatches, rastreadores de atividade física e anéis inteligentes que monitoram dados de saúde e facilitam pagamentos. Esses dispositivos, com acesso a informações confidenciais, são alvos preferenciais para cibercriminosos.
Dados roubados podem ser explorados para ataques personalizados ou vendidos na darknet. Hackers podem usar os dados de exercícios das pessoas para criar esquemas de phishing, levando-as a baixar malwares ao clicar em um link ou cair em golpes. Dispositivos que permitem pagamentos são particularmente vulneráveis, tornando-os alvos atraentes para roubos financeiros.
Roupas inteligentes, como sapatos ou meias com sensores biométricos, podem monitorar métricas de saúde como batimentos cardíacos, respiração e atividade muscular. E o que o usuário faz se o dispositivo hackeado disser que sua frequência cardíaca está perigosamente alta e que deve clicar no link para obter mais informações?
A maioria das pessoas clicaria e cairia no golpe. Microfones e alto-falantes em roupas conectadas a assistentes virtuais podem ser hackeados para espionagem. A Levi’s, por exemplo, em colaboração com o Google, desenvolveu uma jaqueta que se conecta ao celular para comunicação e música. Mas se milhões de dólares forem transacionados em uma reunião importante, a jaqueta poderia ser hackeada para espionar e obter informações sensíveis?
Alguns acessórios inteligentes são vitais, como aqueles que monitoram idosos para detectar quedas e chamar automaticamente por ajuda, ou próteses inteligentes e exoesqueletos para auxiliar no movimento, integrados a vestíveis fashion que são vistos como moda e não como dispositivos médicos. Mas se essas tecnologias críticas forem comprometidas, hackers poderiam usá-las para extorsão, exigindo resgates para restaurar a funcionalidade. Óculos inteligentes ou lentes de contato que fornecem dados em tempo real e análise ambiental podem ser hackeados para distorcer sua visão ou exibir demandas de resgate, prejudicando gravemente seu uso.
O diabo está nos detalhes
À medida que mais dispositivos inteligentes são integrados às nossas roupas, o risco de ciberataques aumenta.
“Roupas inteligentes muitas vezes coletam e armazenam dados pessoais sensíveis, como informações de saúde e financeiras. Hackers podem explorar esses dados para ataques direcionados ou negociá-los na dark web. Se os atacantes obtiverem controle sobre as roupas inteligentes, poderiam manipular recursos como elementos de aquecimento, potencialmente causando danos”, alerta Fernando de Falchi, gerente de Engenharia de Segurança da Check Point Software Brasil.
“Módulos GPS nesses trajes poderiam ser usados para perseguição ou invasão de privacidade, e microfones e câmeras integrados poderiam ser explorados para espionagem. O desafio de atualizar e corrigir vulnerabilidades nesses dispositivos os torna alvos fáceis para cibercriminosos, que podem explorar fraquezas conhecidas mesmo depois de descobertas”, completa Falchi.
O especialista também ressalta que, além disso, as tecnologias vestíveis geralmente estão conectadas a um celular ou redes domésticas e corporativas, e vinculadas a vários serviços de nuvem. Sem segurança básica, esses dispositivos conectados podem ser um alvo fácil ou um meio para um ataque mais sério a outros dispositivos e até à rede inteira. O consumidor deve considerar sempre cuidadosamente de qual fabricante está comprando seus produtos inteligentes, pois eles podem ter acesso aos seus dados sensíveis, e verificar se são parceiros confiáveis.
Mas, não são apenas os dispositivos nas roupas e seus usuários que estão em risco. Um ataque cibernético bem-sucedido em qualquer parte da cadeia de suprimentos pode levar a uma exploração generalizada, como a inserção de malware em roupas inteligentes. Isso poderia comprometer plataformas, sistemas e aplicações projetados para monitorar e controlar essas peças, levando a perdas financeiras significativas, multas severas por violações de dados e danos irreparáveis à reputação da marca.
Das passarelas aos cuidados de saúde e às forças armadas
Contudo, a moda também pode desempenhar um papel fundamental na proteção da nossa privacidade digital. Óculos especiais, chapéus ou máscaras, por exemplo, podem dificultar ou impedir o reconhecimento facial por computadores. Carteiras, bolsas ou roupas com bloqueadores de RFID incorporados evitam a leitura não autorizada de chips RFID e o roubo de dados. E o uso de tecidos especiais que bloqueiam ou absorvem sinais de rádio pode proteger contra o rastreamento por tecnologias sem fio.
A integração da tecnologia na moda está revolucionando o conforto e a funcionalidade das roupas. Mas, como em outras inovações, enfrentamos desafios de cibersegurança que não devem ser subestimados. Além disso, não estamos falando apenas de modismos nas passarelas; roupas inteligentes podem desempenhar um papel importante na saúde, no setor militar ou na exploração espacial, em que o funcionamento adequado e seguro é absolutamente crucial.
A smart fashion representa uma ameaça real que pode impactar seriamente o funcionamento de organizações críticas e até mesmo a vida dos usuários. Portanto, é necessário prestar atenção a cada detalhe e não subestimar a segurança de qualquer elemento inteligente. Por exemplo, o Check Point Quantum IoT Protect é uma das soluções de segurança mais abrangentes para redes IoT e dispositivos IoT e OT, ajudando na proteção de diversas tecnologias inteligentes. Portanto, é possível viver com estilo e futurismo, porém com segurança ao mesmo tempo.
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JULIANA VERCELLI
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