Com a rápida evolução tecnológica, a inteligência artificial (IA) tem se destacado como um elemento crucial nas eleições, moldando o cenário político nacional e internacional. A recente vitória de Javier Milei na eleição argentina marca um ponto de virada, demonstrando o papel determinante da IA no processo eleitoral. No Brasil, as eleições municipais de 2024 se aproximam, e a presença crescente dessa tecnologia promete transformar a maneira como os candidatos interagem com os eleitores.
Segundo Eduardo Micheletto, jornalista e CEO da Micheletto Comunicação, “a influência da inteligência artificial nas eleições é inegável e está se tornando cada vez mais proeminente. A vitória de Milei na Argentina é apenas o começo de uma tendência global.”
Nas eleições de 2022 no Brasil, a IA já deixou sua marca, com a disseminação de notícias falsas e a personalização das interações com os eleitores. Essa evolução, no entanto, trouxe consigo desafios significativos, principalmente em relação à desinformação. Algoritmos podem ser programados para espalhar conteúdos enganosos, minando a percepção pública e prejudicando a legitimidade do processo eleitoral.
As resoluções da Justiça Eleitoral que guiarão as eleições de 2024 ainda não foram aprovadas, mas é evidente que o desafio será enfrentar a disseminação de desinformação, especialmente através de deepfakes. Micheletto destaca a necessidade de “maior investimento em tecnologias de detecção, educação e conscientização dos eleitores para a existência dessas ferramentas.”
A manipulação de voz e vídeo nas eleições argentinas, onde o candidato Sergio Massa utilizou deepfakes contra Milei, exemplifica o potencial negativo dessa tecnologia na política global. A criação de vídeos falsos, distorcendo discursos e criando eventos inexistentes, representa um desafio significativo para a integridade do processo eleitoral.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) brasileiro reconhece a importância de combater a desinformação. As resoluções para as eleições de 2024 ainda não foram aprovadas, mas o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, enfatizou a importância da atuação conjunta das plataformas digitais e redes sociais no combate à desinformação. Representantes de grandes empresas, como Tik Tok, Twitter, Meta (WhatsApp, Facebook e Instagram), Telegram, YouTube, Google e Kwai, participaram de reuniões para discutir estratégias.
Moraes destaca a necessidade de as empresas atuarem na prevenção e coibição da disseminação de discursos de ódio e desinformação, protegendo a democracia e as instituições. O Programa Permanente de Enfrentamento à Desinformação do TSE já conta com mais de 150 parceiros, incluindo redes sociais, plataformas digitais, instituições públicas e privadas, e entidades profissionais, colaborando para monitorar notícias falsas, ampliar informações verdadeiras e capacitar a sociedade na identificação e denúncia de conteúdos enganosos.
À medida que nos aproximamos das eleições de 2024, o desafio será encontrar um equilíbrio entre o uso benéfico da inteligência artificial e a proteção contra suas potenciais consequências negativas. A colaboração entre instituições, empresas e eleitores será fundamental para assegurar a integridade e a transparência no processo eleitoral, impedindo que a desinformação prejudique a essência da democracia.