Com a participação de mais de 30 representantes do setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de todo o país, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) encerrou, nesta quarta-feira (28), a rodada de oficinas para revisão da Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial (Ebia). O objetivo é revisitar objetivos, eixos, metas e ações da estratégia para alinhá-la aos interesses e prioridades nacionais. A proposta da nova Ebia deverá ser concluída até junho deste ano.
A reunião promovida na Escola Nacional de Administração Pública (Enap), em Brasília, contou com especialistas em P&D que atuam em 10 centros de pesquisa aplicada em inteligência artificial apoiados pelo MCTI, além de outras instituições. O encontro fechou o ciclo de três oficinas realizadas nesta semana pelo ministério, que também envolveu representantes do setor privado e da sociedade civil. A próxima etapa vai envolver integrantes do setor público.
Para o secretário de Ciência e Tecnologia para a Transformação Digital do MCTI, Henrique Miguel, a revisão da Ebia é necessária em razão da velocidade da evolução e do uso da inteligência artificial. “Não é só uma questão de tecnologia. É uma questão de impacto nas áreas industrial, educacional, de saúde e na sociedade como um todo”, aponta. De acordo com ele, a nova proposta deverá incluir ações e medidas que o governo federal poderá implementar para garantir o melhor uso da IA.
“A nossa ideia é ouvir esses setores e a sociedade sobre como podemos aprimorar a nossa estratégia de IA. Vamos reunir todas as sugestões e, a partir daí, estabelecer novas metas e planos de ação e de investimentos para a estratégia”, explica a diretora de Ciência, Tecnologia e Inovação Digital do MCTI, Eliana Emediato. Segundo ela, todas as contribuições recebidas serão reunidas e vão resultar na proposta de atualização da Ebia, que será colocada em consulta pública.
Aplicações
Participante da oficina, o representante do Centro de Inovação em Inteligência Artificial para a Saúde (CIIA-Saúde), com sede na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Wagner Meira Junior, destaca que há potencialidades e desafios na implementação da IA em benefício do país. “Temos dimensões que precisam ser equilibradas na utilização da IA no âmbito da saúde. Entre os eixos a serem trabalhados estão mudança cultural, formação profissional, acesso a dados e construção de modelos tecnológicos adequados”, reforça.
Como exemplo de aplicações da inteligência artificial no setor de saúde, o professor revela que o CIIA-Saúde já desenvolveu um serviço de IA que está sendo utilizado em telemedicina, com a realização de 7 mil eletrocardiogramas por dia em todo o país.
A revisão da EBIA teve início em dezembro de 2023, com a realização da primeira oficina com especialistas na área de IA. O trabalho é orientado para o desenvolvimento de aplicações voltadas para o enfrentamento dos problemas em áreas como saúde, educação, agricultura, energia e transição energética. Outro objetivo é apoiar o desenvolvimento de soluções para atender as demandas e desafios do setor público, com a perspectiva de modernizar e aperfeiçoar os serviços oferecidos ao cidadão.