É fato que o Brasil precisa avançar contra o processo de desindustrialização e buscar o desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, a tecnologia é um caminho importante a se considerar. Investir na difusão da inovação é trabalhar para incentivar a indústria nacional a crescer. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a cada R$1 produzido na indústria, R$2,43 são gerados para a economia brasileira.
E na segurança pública? Qual o impacto da inovação?
Investir em inovação, em pesquisa e estimular as empresas no desenvolvimento de novas tecnologias no setor da defesa e da segurança significa caminhar ao encontro do que se projeta, tanto na questão das cidades inteligentes, quanto no processo de globalização, no qual muitos países estão à nossa frente, focados estrategicamente na conectividade no desenvolvimento.
No contexto de uma sociedade a cada dia mais conectada e movida a dados, as forças de segurança se deparam com novos desafios e oportunidades frente às implicações do mundo digital.
As considerações sobre o tema vão deste a tecnologia empregada e seus avanços, passando pela transparência das operações, a segurança da sociedade e do próprio oficial em serviço, assim como pela legislação vigente no que tange à proteção de dados e, ainda, à questão do custo-benefício. Equalizar todos esses fatores é a meta para o que se chama de Segurança 4.0 atuar em sua plenitude.
O Brasil conta com empresas que desenvolvem, fabricam, customizam, implementam e fazem o recall local de tecnologias de ponta, voltadas à melhoria da gestão e da operação ligadas à segurança pública. No país há empresas que remam na contramão da desindustrialização e investem em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias conectadas, visando melhorar os processos na segurança.
Desde o monitoramento da telemetria do veículo, que verifica as condições mecânicas, elétricas, gasto de combustível, carga de bateria, otimizando a manutenção e prevenindo panes quando a viatura estiver em uso, passando pelas soluções embarcadas, tudo isso conectado, já existe no país com tecnologia 100% nacional.
Leitor biométrico e reconhecimento facial que agilizam a identificação com maior precisão sem necessidade de deslocamento para delegacias em determinados casos; câmera embarcada que reconhece automaticamente a placa do veículo à frente, agilizando procedimentos, como em patrulhamento e blitz, por exemplo; base de dados online e offline, atualizada diariamente, que possibilita a atuação mesmo em localidades remotas, em que a conexão com internet seja mais difícil ou inexistente; interface com app no smartphone; wi-fi a bordo, 4G, com distribuição de sinal para até quatro conexões com controles de navegação, ou seja, economiza dados de aparelhos celulares pessoais; GPS e rastreamento com redundância de operadoras, software de predição criminal – que aponta indicadores e padrões para otimizar patrulhas e ações-, são soluções que beneficiam a gestão da segurança, promovendo transparência e redução de gastos públicos, assim como a operação, trazendo agilidade e eficiência para o oficial em serviço.
São tecnologias que, além de promover a melhor gestão, também ajudam em casos de falta de contingente para todas as operações. Se reduzimos operações que demandam tempo do agente, como o atendimento telefônico, anotações, deslocamentos para averiguação em delegacias, tempo de espera para o registro de ocorrências e outros procedimentos, melhoramos o fluxo dos trabalhos, o que traz eficiência e economia de dinheiro público.
Há de se pensar, então, qual a razão dessas tecnologias ainda não fazerem parte massiva da segurança. A falta de conhecimento sobre as tecnologias disponíveis e seu potencial pode ser um desses entraves. Estudo realizado pela FGV Rio em 2023 (Segurança Pública na Era do Big Data) apontou que não basta a aquisição de novos equipamentos sem o treinamento e capacitação dos agentes em campo, por vezes impossibilitada pela ausência de recursos dentro das instituições.
Caminhar no sentido de capacitar os profissionais para que, a cada dia estejam mais aptos a absorver as inovações no âmbito da segurança é estratégico não apenas para o setor em si, mas para a sociedade como um todo.
*Rogério Tristão é capixaba, especialista com mais de 30 anos no desenvolvimento de tecnologias (hardwares e softwares) voltadas a setores como Segurança Pública, Mobilidade, Geolocalização e Agronegócio.
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YARA LUCIA PROVATTI DE LIMA
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