O Conselho Empresarial do Brics (Cebrics) se reúne na África do Sul neste sábado (19). A ideia é que o conselho tenha uma agenda consolidada para entregar aos chefes de Estado com as recomendações dos setores privados dos países participantes do Brics.
O encontro anual do bloco ocorrerá entre os dias 22 e 23 de agosto, em Joanesburgo, na África do Sul. O Brics reúne cinco países em desenvolvimento — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A atuação do setor privado no bloco se consolidou em 2013, quando o Cebrics foi criado.
O ex-secretário de Comércio Exterior e presidente do Instituto Brasileiro de Comércio Internacional e Investimentos, Welber Barral, explica a relevância do Cebrics.
“O conselho empresarial dos Brics é composto por vários empresários relevantes que têm negócios em mais de um dos países dos Brics, então, é um mecanismo de diálogo entre líderes empresariais e os líderes políticos dos países componentes dos Brics. Os conselhos empresariais são relevantes como forma de propor soluções operacionais para facilitar os negócios. Essas propostas vão desde acordos na área de investimentos, por exemplo, até facilitação de vistos para negócios”, pontua.
O presidente eleito da CNI, Ricardo Alban, que lidera a missão empresarial brasileira para o evento na África do Sul, destacou a importância do Brics, que reúne 42% da população mundial (3,2 bilhões de pessoas) e representa 25% do PIB mundial (US$ 25,8 trilhões).
“Esses são argumentos que por si só já justificam que o Brics e também o Cebrics, que é formado pelas empresas privadas, são 25 empresas privadas, cinco de cada país, possam estar em conjunto ajudando a somar e a dar objetividade e pragmatismo a todos os entendimentos governamentais para que as economias possam refletir aquelas decisões, aquelas ações estratégicas governamentais necessárias para estimular quer seja o desenvolvimento econômico local, como também as atividades internacionais, que envolvem esses países.”
O comércio entre os países do Brics com o Brasil é de US$ 177,8 bilhões, sendo a China a primeira parceira comercial. Índia, Rússia e África do Sul ficam, respectivamente, em 5º, 14º e 42º no ranking. Em 2020, quase 400 empresas do bloco econômico operavam no Brasil.
O que é o Cebrics
O Cebrics é formado por 25 empresas, cinco membros de cada país do grupo econômico. A presidência é anual e rotativa. Em 2023, a África do Sul preside o conselho e sedia a cúpula do grupo. A seção brasileira do Cebrics é formada pela Vale, pela WEG, pelo Banco do Brasil, pela BRF e pela Embraer, que se reúnem uma vez por ano para definir as prioridades estratégicas.
No Brasil, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) é secretária-executiva do mecanismo. A entidade busca facilitar a atuação dos membros brasileiros e coordena as tratativas com as outras seções, contribuindo para a construção dos posicionamentos brasileiros.
Prioridades
O grupo elencou uma lista de dez prioridades que estão em discussão pelo setor privado:
- Estabelecimento de acordo multilateral de serviços aéreos, considerando que os acordos bilaterais que já existem são restritivos para o transporte aéreo;
- Colaboração para o desenvolvimento de fertilizantes inteligentes, biofertilizantes e fertilizantes minerais, e de padrões para certificação de fertilizantes ecoeficientes;
- Desenvolvimento de padrões para 50 qualificações futuras, permitindo unificar critérios para competições internacionais e programas de treinamento entre os países;
- Criação de um fundo para financiar projetos de energia limpa no Novo Banco de Desenvolvimento (NDB);
- Cooperação para o desenvolvimento de infraestrutura digital que aumente a conectividade, inclusive em áreas remotas dos países do Brics;
- Desenvolvimento de programas de competências digitais para meninas e mulheres;
- Elaboração de carteira de projetos prioritários de infraestrutura nos países do Brics para aumentar a visibilidade de financiamento;
- Desenvolvimento de rotas comerciais com investimentos em portos de pequeno porte, ferrovias e transporte marítimo de curta distância, para diminuir a pegada de carbono;
- Criação de plataforma de colaboração entre governo, setor privado e academia para buscar soluções para novos problemas de infraestrutura;
- Harmonização de padrões de regulação para produtos manufaturados, para facilitar a incorporação nas cadeias de valor.