Composto por 34 instituições financeiras reunidas pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), o Sistema Nacional de Fomento (SNF) aumentou em 35% o total de crédito para o setor de agricultura e pecuária até o primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Em março, foram R$ 376,2 bilhões, segundo levantamento da entidade divulgado na sexta (25) a partir de informações do Banco Central. O SNF representa 66% de toda a carteira de crédito ativa para o setor de agricultura e pecuária, segundo a ABDE.
Ainda sobre os investimentos no agronegócio, o governo federal anunciou em junho o Plano Safra da Agricultura Familiar. O volume de recursos chega a R$ 77,7 bilhões, 34% superior ao que foi anunciado na safra passada. Além disso, até junho do ano que vem, o Plano Safra 2023/2024 planeja disponibilizar R$ 364,22 bilhões em recursos para apoiar a produção agropecuária nacional de médios e grandes produtores rurais.
Segundo a gerente de Sustentabilidade e Economia da ABDE, Kesia Braga, as medidas de crédito para evolução no setor agropecuário no Brasil são fundamentais.
“O Plano Safra é hoje uma das principais ferramentas do governo federal para estimular a atividade agropecuária brasileira, por meio da concessão de crédito direcionada ao custeio, ao investimento, à comercialização e à industrialização das atividades dos produtores rurais. Além disso, o plano vem direcionando recursos também para setores específicos do meio rural, como a agricultura familiar, e nos últimos anos, também buscando fomentar atividades ligadas à transição sustentável por meio da agropecuária sustentável e de alta tecnologia, destinando recursos para que pequenos e médios produtores se profissionalizem, sempre seguindo bases sustentáveis”, explicou.
Distribuição desigual dos recursos
O crédito agropecuário está presente em todas as unidades de federação, mas a maior parte dos recursos acaba ficando nas regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste. De acordo com a gerente de Sustentabilidade e Economia da ABDE, o Rio Grande do Sul é o estado que mais utiliza a modalidade de crédito, com 13% dos recursos, seguido por Paraná, Goiás e Mato Grosso. No ranking das culturas agrícolas mais financiadas, a soja lidera, acompanhada pelo milho e trigo.
Para os agricultores familiares, a recomendação é usar com cuidado o recurso. Com mais de 20 anos de experiência, o agricultor Marcos Barcelos produz hortaliças no Distrito Federal. Ele comenta que o crédito voltado à agricultura foi muito importante no início do seu negócio.
“O agricultor familiar não tem outra fonte de renda. Ele tem que usar o recurso muito bem para não deixar bagunçar. Eu mesmo já peguei muito, quando construí minha propriedade aqui em 2003, eu usei até 2012, usei bastante esse crédito. Depois dei uma agilizada na situação e hoje eu não pego mais não”, contou.
A previsão do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) é que o PIB do setor tenha crescimento de 10,9% em 2023 — puxado, principalmente, pela produção vegetal.